terça-feira, 2 de setembro de 2008

Racismo: se você não fala, quem vai falar?

Clique na imagem para uma melhor resolução





Cresci adotada por uma família de brancos. “ Adotada , entre aspas,porque ,, na verdade minha mãe, viúva, trabalhava com eles e eu, praticamente, recém nascida, vim para o seio deste lar. Tive um apoio enorme das duas mães que ,e incentivaram com muito carinho para os estudos.

“Ouvi muitos falarem que eu era “preta” de alma branca”. Esta fala nunca me agradou, porque eu já sentia o preconceito que havia por trás dela. Muito mais tarde, descobri que o meu encanto era mesmo ter alma negra, consciente da minha raça, da valorização que eu precisava dar a ela... Pele negra era muito pouco, tinha que ser negra de corpo e alma, a marca registrada de um povo sofrido, valoroso, que como eu, foi adotado por “mães brancas”.

Estudei, atravessando com serenidade, o mar dos preconceitos, sem me preocupar muito com aquilo que pensava a maioria das pessoas. Nesta travessia, com certeza, eu contei com a misericórdia divina, para acalmar e abrir o meu caminho, entre as ondas turbulentas, para que hoje, esteja requerendo a minha aposentadoria, como professora estadual e pretendendo continuar como coordenadora pedagógica municipal, com direito adquirido através de concurso público.

Tenho três filhos, todos professores, na formação inicial: duas filhas são pedagogas, e o filho trabalha em uma empresa, cursando Faculdade de Direito, criei-os sozinha, porque divorciei, quando eles eram ainda pequenos.

Hoje tenho convicção de que o legado maior que deixo a eles é: o orgulho de serem negros, o significado da luta em adquirir o valor, através do próprio esforço, honestidade e firmeza nos bons propósitos, de serem semeadores na construção de um mundo melhor para todas as raças. Afinal, a adoção divina, já a temos, basta tomar posses desta fé e conquistar nosso espaço, como semeadores do Bem, da Paz e Hombridade da raça humana.

Utopia...? Uma realidade, que precisa ser revista em seus conceitos, por cada um de nós.

“ Corpo e Alma Negra"



Professora Coordenadora Maria Aparecida Carriel Patttete